sábado, 17 de abril de 2010

Talca, Chile 17 de Abril de 2010







Após uma longa e fatigante viagem de 14 horas de avião, aterrei finalmente no aeroporto de Santiago do Chile, onde conheci pessoalmente quem me convidou para colaborar nos processos de colheita e extração de azeite. Don Alberto Feres Lama, a primeira pessoa por estas bandas com coragem para plantar oliveiras, no ano de 2002, pioneiro e grande entusiasta desta cultura, posteriormente "imitado" por muita gente.




Apesar da falta de cama e do cansaço, solicitei uma visita aos olivais e ao lagar, localizados a 5 km da cidade de Talca, no Vale de Pencahue, que se situa a cerca de 300km de Santiago do Chile. Quase todos os olivais possuem densidades de 1800 árvores, do tipo superintensivo. Estes olivicultores não sabem o que é ter menos de 800 árvores por hectare.

As pendentes impressionam, na peninsula ibérica não existiria coragem para plantar nestas condições. A colheita mecânica não é possível mas também não faz falta, porque a colheita manual, devido ao valor dos salários, fica mais barata que a mecânica! Questiono apenas neste momento, se fará sentido, para colheita manual a condução em palmeta e ter 1800 árvores por hectare.

Árvores frondosas, que respiram saúde... Com apenas dois(!) tratamentos de fungicida anuais. Parece impossível, mas é verdade, aqui não se sabe o que é olho de pavão, gafa, mosca e outros afins. Porém, as árvores, apesar de terem um desenvolvimento impressionante, com grandes crescimentos, não demonstram uma colheita correspondente ao potencial produtivo que têm, ou seja, fica-se com a ideia que os crescimentos frutíferos do ano anterior, nem sempre desenvolvem flores, como pelos nossos lados acontece. Pois, nem tudo é perfeito por aqui, também...

O lagar poderá evoluir, revelando algumas lacunas, compreendidas fácilmente por se tratar de uma cultura e uma indústria recente por estas bandas. Mas nada que impossibilite ou dificulte em demasiado uma boa extração. No entanto, possui uma capacidade de perto de 300 toneladas/dia, justificada por mais de 1000 hectares de olival em produção, que se colhem em mês e meio, para evitar as geadas invernais e desta forma preservar a qualidade dos azeites. A colheita é na sua grande maioria feita em verde. O lagar, que já não pertence a D. Alberto F., presta serviços e explora cerca de 1000 hectares, apesar de uma boa parte ainda não estar em produção.

Por agora fico por aqui, ansioso por segunda feira, data que vamos iniciar a colheita. Sábado iremos ver os olivais e variedades com mais detalhe, para seleccionarmos a parcela onde cerca de 100(!) pessoas começarão a colher...