sábado, 5 de maio de 2012

Rocha, Uruguay 28 de Abril de 2012




 

Ultimo dia de trabalho neste projecto. Decorreram duas semanas de muitas horas diárias de trabalho e de horários trocados. A laboração iniciava-se a meio da tarde e geralmente terminava de madrugada. A primeira semana ficou marcada por temperaturas altas, com máximas superiores a 25 graus, que aportaram alguma dificuldade em conseguir obter temperaturas adequadas ao longo do processo de extracção, essenciais á obtenção de azeites de qualidade. No inicio desta semana, as temperaturas cairam dez graus em apenas um dia, entrando-se num clima frio, com máximas de 15 graus e mínimas de cerca de 5. Esta mudança climatérica teve como consequência um aumento de qualidade nos azeites obtidos e também uma paragem na evolução da gafa, que é a principal doença no olival uruguaio.

As condições de trabalho não eram as ideais, tal como já pude referir, devido ao facto de se estar a trabalhar no meio de um estaleiro de construção. Embora tenha existido o cuidado de se criarem condições necessárias ao desenvolvimento do processo de extracção de azeite, existiam sempre algumas dificuldades motivadas pela construção do lagar. Refiro que esta unidade será sem dúvida imponente e grandiosa, a nível mundial. Contará com cerca de 5000 m2 de construção, com muitos detalhes, como por exemplo um cinema para mostrar vídeos da empresa a visitantes. Será também dotada da mais recente tecnologia a todos os níveis, desde a recepção de azeitona até ao embalamento.

A nível agrícola, este projecto é 100% de sequeiro, em terrenos com alguma pendente. Embora a pluviometria média neste local seja de 1200 mm anuais, durante os meses de verão podem surgir largos periodos sem chuva, que reduzem o potencial produtivo do cultivo. Os solos, apesar de serem fortes, são pouco profundos, tendo apenas cerca de 50 cm de terra arável que se encontra sobre uma camada rochosa. Este é outro factor que condiciona também a produção destes olivais. Existem práticas agrícolas que são obrigatórias no Uruguay, entre as quais a instalação de um coberto vegetal permanente, que lógicamente compete com a oliveira, reduzindo  a disponibilidade de água e nutrientes. Refiro que não respeitar este tipo de normas de defesa dos solos, pode valer neste país um máximo de 17 anos de prisão. Este tipo de legislação revela um claro interesse em colocar valores ambientais á frente de questões económicas.

Relativamente aos azeites, estes são de perfil suave a médio, tendo alguma qualidade em princípio de campanha, sendo uma incógnita a sua evolução ao longo da campanha devido ao problema da gafa. Sobressaem pela positiva os azeites das variedades coratina e picual. Mais uma vez, a variedade barnea tem um comportamento desastroso devido a problemas com doenças. Esta variedade apenas tem viabilidade em climas com baixa ou nula pluviometria e humidades relativas muito baixas.


Será interessante continuar seguindo este projecto, que é um dos maiores da América do Sul pois o mesmo proprietário explora mais duas propriedades no Uruguay, contabilizando cerca de 4000 hectares de olival com destino a azeite.