quarta-feira, 21 de abril de 2010

Talca, 20 de Abril de 2010






4 horas da manhã. Tal como sucede em Portugal, os arranques de lagar são sempre complicados, falha sempre alguma coisa, por vezes muitas, foi o caso. Pelas 18 horas iniciámos a trituração de uma partida de 14000 kg de azeitona leccino, pertencente á empresa proprietária do lagar, Olivares de Quepu, SA. O acidente do dia anterior com a batedeira, teve sequelas que não foram detectadas. Algumas soldaduras estalaram com a pressão da água e verificou-se que estava a escorrer água para o seu interior, na zona onde se efectua a batedura da massa de azeitona. Chamar um soldador e mais 4 horas de espera. Ás 22h iniciou-se a trituração na linha mais pequena que este lagar dispõe, com capacidade de cerca de 100 toneladas por dia. Esta linha, será utilizada a partir da semana que vem para fazer segunda extracção de azeite ao bagaço produzido pela linha de 200 toneladas dia.

Por ser um equipamento com um destino menos nobre, não teve os devidos cuidados de manutenção e encontra-se instalado num anexo que não possui condições exemplares para extrair azeite. Por estes motivos, aconteceram mais alguns problemas, tais como pouca uniformidade de temperatura de água de consumo e de aquecimento das termo batedeiras e falta de pressão na água de adição do decanter. Tudo isto, obrigou a algumas paragens, tendo-se concluído a extracção ás 3 da manhã.

Apesar das condições e das paragens, o azeite da leccino saiu muito aromático e com um sabor vincado a amêndoa verde. Em boas condições de extracção, o potencial desta variedade será enorme e amanhã (daqui a pouco), vamos extrair mais leccino e também frantoio. O rendimento foi baixo (11,7%) com percas no bagaço de 4,2%, análise feita em laboratório autelec. Gordura no bagaço, um pouco alta, tendo contribuido para o resultado as paragens e o estado de maturação, com 70% a 80% de azeitonas verdes também contribuíram para isso. Espero que as condições de extracção melhorem, mas não espero grandes feitos com esta linha de extracção pelos motivos que atrás referi. Penso que com a linha de 200 toneladas, os resultados melhorarão e também a qualidade, porque tem uma montagem com um ano e não tem as limitações da linha mais pequena.

Durante a tarde, tive oportunidade de conhecer na companhia do encarregado de campo, parte dos olivais da Olivares de Quepu, durante cerca de uma hora, que na prática apenas me permitiu visitar uma pequena parte, pois são cerca de 1000 hectares, compostos por 8 variedades, em cerca de 10 compassos diferentes. Na primeira oportunidade, que tenhamos um par de horas disponíveis, faremos então uma visita mais pormenorizada. Tivemos também um começo de conversa muito interessante sobre o tema olival super intensivo vs intensivo, sobre a qual brevemente me debruçarei. Agora é altura de dormir um pouco, porque daqui a três horas começa tudo novamente.