terça-feira, 11 de maio de 2010

Talca, 11 de Maio de 2010
















Dia de partida, sempre um dia difícil. Parto de Talca para a capital, Santiago do Chile e depois para Vina del Mar, junto ao oceano pacífico. Deixar para trás pessoas maravilhosas que conheci neste lugar, não é fácil. Aqui vivi uma experiência marcante, tanto a nível profissional como pessoal. Valeu a pena, sem margem para dúvida. Aprende-se sempre, mesmo quando se vem com o objectivo de ensinar. Alguma tristeza fica, sempre que deixamos para trás amigos, chamamos nós em Portugal, saudade. Eu deixo aqui muitos, pessoas com quem vivi o meu dia a dia durante quase um mês, a 11000 km de Portugal. Para trás ficam sensações, aromas, cores, vozes, memórias... O meu grande objectivo de deixar aqui uma boa imagem e ser útil, foi amplamente conseguido, assim creio. Essa certeza sente-se na hora de partir, quando nos falam no próximo ano, quando nos agradecem o trabalho realizado. Mais importante que os honorários, a gratidão dos outros é sempre uma sensação grandiosa. Olho para os primeiros dias e observo a mudança, a evolução, as dificuldades ultrapassadas, que foram muitas. Apenas agora consigo fazer um balanço, porque antes estava demasiado absorvido pela intensidade do trabalho, que foi sempre enorme. Nestes momentos tiram-se sempre ilações e a que posso tirar agora, é que por vezes menosprezamos as nossas qualidades e é-nos difícil saber tudo aquilo que somos capazes de fazer. Ao observar os erros que se cometiam por aqui, deu para perceber que boa parte deles também eu os cometia na minha vida profissional, não da mesma forma, mas muito similar. Por isso, este período também serviu para ver aquilo que posso e devo melhorar, na minha actividade em Portugal. Esta experiência, acabou por ser também uma lição de humildade para mim.

Seguramente que um dia voltarei a este país, que me encantou, com muito cheiro a Portugal, seja pelas pessoas, pela paisagem, pelos valores. Xavier Marcos, o espanhol com quem tive o prazer de trabalhar, contou-me que o seu pai lhe dizia que esta actividade ou se adorava ou então se detestava. E para mim faz todo o sentido, quem gosta do mundo do azeite, vive-o de uma forma muito intensa, por vezes obcessiva. A busca do conhecimento é constante e encontra-se nas pessoas, mais que nas escolas, mais que nos livros. Este trabalho não é matemático, é muitas vezes intuitivo, por isso ilógico, sendo necessária a experiência e uma grande dedicação. No sábado passado, ao almoço, estavam a almoçar na mesma mesa um português, um espanhol e um italiano, profissionais desta área, a muitos milhares de kilómetros de suas casas. São experiências fantásticas e muito peculiares, quando se vivem estes momentos. Eu tive a felicidade de poder desfrutar de tudo isto, sabendo agora que encontrarei no futuro utilidade para este mês que vivi deste lado do mundo.
Resta-me agradecer ás pessoas que me receberam aqui, de uma forma humana e muito agradável, deixando aqui os seus nomes, esperando não me esquecer de ninguém. Um abraço para todos.

Alberto Feres
Mario Urrutia
Cristobal Urrutia
Rodrigo Molina
Francisco Silva
Alvaro Ried
Pablo Caceres
Manuel Barrera
Xavier Marcos
Henry
Manuel Chaves