terça-feira, 17 de maio de 2011

Kialla, Australia 15 de Junho de 2010








































Vinte e três horas de avião e mais meia oito em aeroportos é algo que é um pouco mais do que cansativo. Desci do avião em Melbourne na Austrália mais morto do que vivo. Um ano antes tinha sido no Chile, as mesmas sensações, ver um país e pessoas pela primeira vez. Desta vez foi um pouco diferente, já sem aquele medo irreal daquilo que nos espera, da incerteza. No entanto, a curiosidade está sempre presente e tal como na América do Sul, aqui também fui bem recebido. A minha primeira impressão da Austrália não foi muito favorável, muita planície, e acima de tudo muito eucalipto, arvores das quais nunca nutri grande paixão. Aqui são como os nossos sobreiros, aparecem plantados no meio da paisagem.



As pessoas são simples e simpáticas, tal como eu gosto. Não existem superioridades, tratam-se de igual para igual indepententemente da posição que ocupam. Esta é uma grande diferença em relação á nossa forma de estar na vida. As pessoas vivem de uma forma serena, mas sempre com objectividade e muita responsabilidade.


Ás cinco da manhã no aeroporto já estava á minha espera o pai da pessoa que me convidou a vir. Fiquei com alguma pena do senhor pelas horas e pela sua idade, apesar do mesmo não mostrar nenhum enfado nem sono. Recebeu-me em sua casa e depois deixou-me na estação de comboio, onde segui até Kialla, local onde terminou esta série de viagens.


Conheci as pessoas com quem iria trabalhar e tal como há um ano atrás e apesar do cansaço e do sono, fiz questão de conhecer os olivais e o lagar. Os olivais são intensivos, 7x5 e regados. As árvores estão em muito bom estado, embora com as copas muito fechadas, devido ás podas mecânicas sucessivas. Um trabalhador agrícola eventual ganha entre 15 a 20 dólares por hora, daí a necessidade de evitar mão de obra. Percebi imediatamente que aqui o objectivo é a mecanização total, tarefa que não é fácil em olival. Os olivais têm meia dúzia de variedades: frantoio, picual, coratina, arbequina, leccino, koronneiky e barnea.


O lagar foi uma surpresa, ou melhor duas. Uma para ficar satisfeito e a outra para ficar de boca aberta. A primeira é que o lagar está muito bem equipado ao nível de tecnologia para azeites de alta qualidade: moinho de discos, de martelos, descaroçador (antes da extracção, não o usual do bagaço), e batedeiras fechadas. A surpresa foi ver um lagar com uma única divisão, mesmo só uma. Cheguei a pensar que fosse clandestino mas não, aqui é mesmo assim e foi licenciado e construído há bem pouco tempo.