quarta-feira, 18 de abril de 2012

Rocha, Uruguay, 16 de Abril de 2012


O Uruguay é um país diferente de todos aqueles onde estive na América do Sul. Não se vislumbram os problemas sociais que existem em países como Chile, Peru e Brasil. As construções são ordenadas, mantidas em bom estado. Boas estradas e um parque automóvel que fazem lembrar um qualquer país europeu. A população é de cerca de três milhões de habitantes, practicamente não existe desemprego. O custo de vida é surpreendentemente alto, muito mais elevado que Portugal ou Espanha. Os habitantes são descendentes de europeus, justificando-se assim tantas semelhanças naquilo que vemos no que toca ás construções e aos hábitos.

O projecto Nuevo Manatial que estou a apoiar é o maior do Uruguay (provávelmente o maior da américa do Sul), com mais de quatro mil hectares de olival. Toda a área é de sequeiro, não existe qualquer tipo de irrigação nos olivais devido aos cerca de mil e duzentos milímetros de chuva anuais. As variedades existentes são na sua maioria comuns áquilo que se vê nos novos países produtores: arbequina, barnea, coratina, picual, farga e leccino. O compasso mais utilizado é 8x4, estando a aumentar-se a densidade nas novas áreas a plantar. A colheita é efectuada por duas colossus, complementadas com colheita manual nas zonas não mecanizáveis. A olivicultura aqui não é simples porque a humidade e as temperaturas amenas provocam algumas dificuldades ao nível da manutenção da sanidade da árvore e dos frutos. Refiro também que nesta propriedade encontram-se instaladas 19 torres eólicas que abastecem a propriedade e fornecem energia eléctrica á rede pública.

O lagar encontra-se em plena construção, devendo a mesma estar concluida dentro de um ano. Trata-se de uma obra imponente, de grande qualidade de construção, que contará com 6 linhas de 120 toneladas e uma capacidade de armazenamento de 4000 toneladas de azeite. Neste momento trabalham mais de 100 pessoas na construção. Procurou-se criar as condições mínimas para se poder laborar as cerca de 2000 toneladas de azeitona que se estimam ter este ano. Como se pode imaginar, as condições não são de perto as ideais, pois construir e laborar não são situações muito compatíveis. Alguns erros ou lacunas que vou detectando, são rápidamente corrigidos, normalmente no dia seguinte já está resolvido, fruto da organização e da impressionante capacidade financeira desta empresa.

Inicia-se a laboração cerca das 16 horas e termina-se por volta das 2 da manhã, de segunda a sexta. Como é prevísivel, a experiência das pessoas é quase nula, alguns nem sequer conheciam ou haviam alguma vez provado azeite. Os rendimentos são de uma maneira geral mais baixos que na europa e os azeites de perfil médio suave. Á semelhança de outros países onde já trabalhei, a preocupação de fazer bem é constante e o objectivo final é ter muita qualidade. Estes produtores procuram-se evidenciar desta forma nos mercados oferecendo ao consumidor azeites diferenciados pela positiva fazendo tudo o que é necessário para o conseguir.