segunda-feira, 3 de maio de 2010

Talca, 3 de Maio de 2010
















Para evitar um pouco as repetições, vou aproveitar dois comentários que chegaram hoje. Os meus dias são um pouco semelhantes agora e desta forma pode-se trazer mais algum interesse a este espaço.

Comentários e respostas. O meu amigo Rui Cardoso fez o seguinte comentário, relativamente ao que escrevi no dia 28 de Abril:


Rui Cardoso disse...
Olá Alberto!Uma curiosidade. Os 150 Kg de azeitona colhida por pessoa correspondem a quantas árvores? Abraço

Os 150 kg colhidos por pessoa referem-se á colheita efectuada na variedade leccino, em intensivo, num compasso de 6x3, que dá um total de 555 árvores por hectare. Este ano estima-se que nos olivais de Alberto Feres desta variedade, a produção andará cerca das 11 toneladas por hectare, o que dará uma produção média por árvore de cerca de 20 kg. Portanto estaremos a falar de uma colheita de cerca de 7 a 8 árvores por pessoa e por dia. A variedade leccino tem algumas características semelhantes á variedade galega, fruto pequeno, rendimento baixo em azeite, com uma força de desprendimento muito grande, que dificulta a colheita. Por outro lado, a forma de colher e a condução actual das árvores dificulta o rendimento das pessoas, para além de também haver muita inexperiência de colheita por parte dos trabalhadores. As árvores encontram-se com o seu interior muito denso, perdendo-se muito tempo a colher os frutos que se encontram nessa zona. Só mais uma informação, agora está-se a colher a FS-17, em superintensivo com colheita manual e o rendimento por pessoa aumentou 25%, principalmente por serem árvores muito mais pequenas. Estimamos que estas árvores, com 2 anos de idade possam ter uma produção de cerca de 3000 kg por hectare. No final desta semana, passaremos para a variedade arbequina, também com 2 anos de idade, que visualmente apresenta a impressionante estimativa de ter entre 8 a 10 toneladas por hectare. Neste caso, calculamos que a colheita manual possa estar entre os 250 a 300 kg de azeitona por pessoa. Em superintensivo, com cerca de 2000 árvores por hectare, o número de árvores colhido por pessoa aumenta exponencialmente, basta fazeres a divisão, relativamente ás produções atrás estimadas. Espero ter tempo antes de partir para fotografar e publicar imagens das diferentes variedades existentes aqui e respectivos frutos. Impressiona muito o desenvolvimento das árvores e as primeiras colheitas em superintensivo, ao segundo ano, sendo vulgar que atinjam as 6 toneladas por hectare. Um abraço para ti também Rui.

Outro comentário, creio que de um cidadão brasileiro:

Estimado Alberto.Obrigado pela partilha da experiência, é sem dúvida enriquecedor saber o que se passa por outros países que não os da orla mediterrânica. Ainda mais descrito por quem está dentro do assunto e não por jornalistas de ocasião.Pergunto: Face às pesquisas já existentes e divulgadas online, qual a sua opinião relativamente à possibilidade de no Brasil (Minas Gerais ou Rio Grande do Sul) se poder desenvolver o sector da olivicultura?Cumprimentos. Luis Filipe Santos

Caro Luis Santos, lamento não ter grandes informações acerca da possibilidade de explorar o olival nas regiões que menciona. E na verdade, ás vezes sinto algum desconforto em responder a certas perguntas, porque a minha formação académica é informática, apesar de já andar á uns anos nestas lides, como se costuma dizer em Portugal. Por isso, se cometer alguma gafe, tratem de dar o devido desconto, porque o pouco conhecimento que tenho, foi obtido no campo e no lagar. Em termos gerais, á excepção dos solos mal drenados e de regiões sujeitas a prolongados periodos de temperaturas negativas, a oliveira vegeta. No entanto, em climas mais tropicais, sem as paradas estivais típicas do mediterrâneo (verão e inverno), penso que os processos de frutificação serão afectados negativamente. Por outro lado, zonas com demasiada humidade relativa, dão origem a problemas com fungos e pragas, que não "matam" a planta, mas comprometem a viabilidade económica da plantação, por darem origem a baixas produções, de má qualidade de fruto e em consequência final, produzindo azeites igualmente de baixa qualidade. Espero que de alguma forma o possa ter conseguido esclarecer. Cumprimentos para si, Luis.